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maio 24 2016

MST realiza encontro com professores universitários para debater função social da Universidade

Reunidos na Escola Nacional Florestan Fernandes, os professores debateram com o Movimento o atual contexto político e o papel da Universidade.

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Por Hildebrando Silva de Andrade
Da Página do MST



Aconteceu entre os dias 19 e 21, na Escola Nacional Florestan Fernandes, o III Encontro dos Professores Universitários e o MST. A plenária, que teve a participação de cerca de 100 professores de universidades de todo o Brasil, foi batizada com o nome do professor Paulo Kageiama e abordou temas como o análise de conjuntura nacional, a função social das universidades públicas e os desafios da relação com os movimentos sociais.


O encontro nacional dos professores com o MST  é fruto do trabalho do setor de educação do Movimento, que mantêm uma articulação histórica não só com as universidades, mas uma reação direta com os educadores e educadoras. A primeira edição ocorreu em setembro de 2011 e a segunda em maio de 2013. Essa é uma iniciativa do MST e dos professores universitários que atuam em parceria com o Movimento organizando cursos de formação e cursos formais nas universidades.


A iniciativa coloca sobretudo o debate da reforma agrária no espaço acadêmico, no espaço da universidade, no espaço da construção do conhecimento na batalha das ideias. Segundo Geraldo Gasparin, da direção nacional do MST, “para nós é fundamental ampliar o debate acerca da necessidade da reforma agrária, da reforma agrária popular dentro da Universidade. Esses encontros são um momento de intercâmbio, de aprofundamento, de análise do momento político e da luta pelo direita a educação que precisa ser travada e reconhecida dentro da própria universidade”.


Ainda de acordo com Geraldo, “quando os educadores do campo, quando os estudantes oriundos da reforma agrária precisam travar uma batalha dura e decisiva para ter direito a educação, então esse é um espaço que amplia a participação política, que amplia a luta pelo direito e o acesso a educação de nível superior, que amplia a luta pelo reconhecimento de uma universidade pública gratuita e de qualidade.” Durante este terceiro encontro também foram debatidos os desafios da perspectiva da luta pela educação e para manter uma universidade ampliada para também a educação do campo.


Os professores que participaram do encontro são profissionais oriundos da base social do movimento que fizeram aposta na universidade como espaço de militância e de luta política para ampliar o debate e o direito por uma educação  de qualidade.


Outro grupo são de professores e pesquisadores que se identificam com a luta e a causa da reforma agrária e que também fazem do espaço da universidade um espaço de debate e de luta, e um terceiro grupo de professores que, também por ampliar a sua participação na universidade, veem no movimento essa resistência de luta política não só da luta pela terra, mas também na conquista dos direitos da classe trabalhadora do campo, na conquista da democracia, dos direitos sociais.


São um conjunto de professores, educadores e educadoras pesquisadores das áreas agrárias e humanas, e que, não necessariamente militando no MST, acabam se identificando  com a luta do movimento e contribuem na iniciativa da organização de cursos formais e de teoria política nas universidades.


Em sua exposição sobre a função social da universidade pública, o professor Pedro Ivan Christoffoli, da UFFS, tratou do assunto do golpe que está implantado no Brasil de forma político-institucional. Afirma ainda que “a tendência é do acirramento do cenário, levando em consideração que as universidades seguem uma tendência do capital”. Para Pedro “uma das maneiras de contrapor esse processo é a produção de materiais, de conhecimento a partir da luta do povo, do seu dia-a-dia de atuação”.


Gislene Reis do MST de Sergipe fala da dificuldade que os movimentos sociais enfrentam para garantir o acesso à universidade. “As universidades são muito elitizadas, sempre foi um espaço para poucos. Então para que a classe trabalhadora tivesse acesso a universidade foi um processo de luta, por isso é importante aquele professor e aquela professora que tem esse olhar diferenciado para a classe trabalhadora, para os movimentos sociais, para que tenha essa abertura mais crítica para entender as bandeiras de lutas desses movimentos socais”, afirma.


Na certeza de que as universidades são o espaço para a multiplicação de ideias, de propostas para uma classe social que precisa de seu direito à educação garantido, os professores presentes no encontro também contribuíram para a realização das Jornadas Nacionais Universitárias em Defesa da Reforma Agrária que acontece todos os anos durante o mês de abril e ressaltam o debate e o fortalecimento de espaços como este que ajudam na formação política e fortalecem o ser multiplicador de conhecimentos e formador de opiniões.

*Editado por Rafael Soriano

MST realiza encontro com professores universitários para debater função social da Universidade – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.