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jun 09 2016

Concentração do ensino superior em 8 grandes grupos privados: mais um dado sobre a financeirização da educação

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Matéria divulgada hoje pelo jornal “O Estado de S. Paulo” apresenta dados sobre a concentração das matrículas do ensino superior no setor privado (75% do total), e especificamente nos grandes conglomerados da educação. Apenas oito grupos privados mantém mais de ¼ das matrículas do ensino superior no país.

Como aponta a reportagem, tal concentração tem grandes impactos na organização do ensino superior no país e na formação profissional desta geração. Pesquisas já demonstraram que o comportamento destas instituições (como Kroton-Anhanguera e Laureate por exemplo) é de rebaixar a qualificação e os salários de seus docentes, investindo num modelo de faculdade alicerçado apenas no ensino. Rompendo com a Constituição Federal que aponta, na universidade, a indissociabilidade de ensino-pesquisa e extensão, tais unidades rebaixam o currículo e apostam, sobretudo, na formação à distância mesmo em cursos de formação inicial para alcançar mais matrículas e investir cada vez menos em infraestrutura e docentes.

Além disso, trabalham com apostilas e currículos homogeneizados e padronizados para todo o país. A concentração de 27,8% dos estudantes nestas instituições terá um impacto enorme na formação superior, uma vez que são estes grupos que estão definindo na prática os conteúdos, metodologias e objetivos do profissional em formação. A ampliação dos aglomerados ameaça sobretudo os princípios constitucionais de autonomia universitária e a pluralidade de ideias e concepções pedagógicas.

A adesão ao modelo de ensino superior enquanto mercadoria, com a abertura
do capital das empresas na bolsa de valores e com o objetivo final de gerar lucro independente da qualidade do ensino é o que chamamos de “financeirização da educação”. A ampliação deste modelo teve grande incentivo das políticas educacionais dos últimos governos que motivaram a ampliação da rede privada e financiaram – e continuam financiando – sua sobrevivência por meio de programas como Prouni e FIES. Os dados da reportagem e a reflexão sobre suas consequências alertam para um momento importante de autocrítica dos governos petistas, sobretudo na área educacional.

Nosso mandato seguirá firme da defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade.

Maiores informações: http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,apenas-8-grupos-privados-concentram-27-8-das-matriculas-do-ensino-superior,10000055857

Fonte: (4) Ivan Valente