Matéria divulgada hoje pelo jornal “O Estado de S. Paulo” apresenta dados sobre a concentração das matrículas do ensino superior no setor privado (75% do total), e especificamente nos grandes conglomerados da educação. Apenas oito grupos privados mantém mais de ¼ das matrículas do ensino superior no país.
Como aponta a reportagem, tal concentração tem grandes impactos na organização do ensino superior no país e na formação profissional desta geração. Pesquisas já demonstraram que o comportamento destas instituições (como Kroton-Anhanguera e Laureate por exemplo) é de rebaixar a qualificação e os salários de seus docentes, investindo num modelo de faculdade alicerçado apenas no ensino. Rompendo com a Constituição Federal que aponta, na universidade, a indissociabilidade de ensino-pesquisa e extensão, tais unidades rebaixam o currículo e apostam, sobretudo, na formação à distância mesmo em cursos de formação inicial para alcançar mais matrículas e investir cada vez menos em infraestrutura e docentes.
Além disso, trabalham com apostilas e currículos homogeneizados e padronizados para todo o país. A concentração de 27,8% dos estudantes nestas instituições terá um impacto enorme na formação superior, uma vez que são estes grupos que estão definindo na prática os conteúdos, metodologias e objetivos do profissional em formação. A ampliação dos aglomerados ameaça sobretudo os princípios constitucionais de autonomia universitária e a pluralidade de ideias e concepções pedagógicas.
A adesão ao modelo de ensino superior enquanto mercadoria, com a abertura
do capital das empresas na bolsa de valores e com o objetivo final de gerar lucro independente da qualidade do ensino é o que chamamos de “financeirização da educação”. A ampliação deste modelo teve grande incentivo das políticas educacionais dos últimos governos que motivaram a ampliação da rede privada e financiaram – e continuam financiando – sua sobrevivência por meio de programas como Prouni e FIES. Os dados da reportagem e a reflexão sobre suas consequências alertam para um momento importante de autocrítica dos governos petistas, sobretudo na área educacional.
Nosso mandato seguirá firme da defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade.
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Fonte: (4) Ivan Valente