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maio 26 2016

Estudantes paulistas fazem documentários e peça de teatro para valorizar cultura nordestina

Estudantes paulistas fazem documentários e peça de teatro para valorizar cultura nordestina e alcançam 1500 pessoas

Jorge Amado e Ariano Suassuna. Estes são dois dos principais nomes da literatura nacional e que nasceram no nordeste brasileiro. No acervo de suas grandes obras há ‘Dona Flor e seus dois maridos’ e ‘O auto da Compadecida’, respectivamente. Mas qual a relação entre a literatura destes autores e a vida dos moradores do bairro União de Vila Nova, na zona leste de São Paulo (SP).

Segundo uma pesquisa realizada pelos educandos do Centro Social Marista Irmão Justino, 75% dos moradores do bairro são nordestinos ou filhos de migrantes do Nordeste do país. Em uma das assembleias que acontece quinzenalmente na unidade educacional,onde educadores, pais, jovens e crianças do colégio debatem temas como educação cultura e assistência, o grupo de estudantes teve a ideia de homenagear as suas origens.

Após conhecer as obras de grandes autores do nordeste, a vontade de se aprofundar nas histórias de vida de seus pais, avós, vizinhos e das brincadeiras que recordavam ter na infância, motivou os jovens a resgatar a identidade nordestina através de documentários e uma peça teatral.

Com escuta atenta e olhar apurado, os meninos e meninas começaram suas investigações: caminharam pelo bairro e entrevistaram moradores da comunidade, gravando sempre as conversas com a câmera de seus celulares.

Surpreendidos com os relatos, os jovens criaram dois documentários para o projeto batizado de “Nordestiando”: o “Migra Ação”, que fala sobre a mudança de território e peculiaridades do nordeste; e o “Que brincadeira é essa?”, que discute a importância do brincar e os modos atuais de se divertir, em comparação ao passado. Segundo Kethelen Alves, 12 anos, os jeitos são muito parecidos. “Descobri que mesmo morando em São Paulo brinco de jogos iguais aos das crianças nordestinas, como pega – pega e esconde – esconde”, diz.

Animados com toda a mobilização, os educandos decidiram produzir também uma peça de teatro inspirada em obras como “O auto da Compadecida”, de Suassuna. Nas apresentações, o grupo representou a migração nordestina e as várias descobertas que surgiram durante o processo de pesquisa, como os sotaques e vocabulários da região, além do preconceito sofrido por algumas pessoas nordestinas que vivem na comunidade. “Me identifiquei com o projeto porque minha família é da Bahia”, explica Pedro Amorim Souza, 12 anos, e completa: “mesmo com essa afinidade, o mais difícil foi representar o sotaque”, diz. No total, cerca de 1500 pessoas foram impactadas pelas seis apresentações da peça teatral.

Kethelen conta que a pesquisa durou em torno de duas semanas e a ajudou a descobrir muitas novidades. “Foi muito legal saber as histórias e o porquê de os nordestinos virem para cá”, explica. Já Pedro, sente-se orgulhoso por ter homenageado sua família. “Entrevistei minha vó para o documentário, foi legal”, diz orgulhoso.

Segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio), de 2012,  a região metropolitana da cidade de São Paulo possui cerca de 20,2 milhões de habitantes. Desses, 5,5 milhões nasceram fora do estado de São Paulo.

 

viaNordestiando – NCDE.